A boca é uma nascente. A mais pura não vem de cima, mas do meio,
às vezes do fígado.
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Que chores sempre que te lembres. Que te doa o meio da alma.
Que arranques os cabelos.
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O que te disse de doce será diabetes. O que disse de mal
saberás quando te julgares livre.
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Os beijos chegaram-me ao coração e vivi. Com a ausência,
septicemia.
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O corpo vive fantasma. Depois de passar, penar ainda mais,
até que a eternidade se esqueça.
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Dor de horizonte ao entardecer. O silêncio das rochas no
mar.
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Lágrimas pela piedade da vida que se cala ao entardecer.
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Todo o choro que se tem. Todo o fingimento. Toda a dor que
não tem nada a ver e se vai buscar para chorar mais.
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Despedida e derrota. Dias amarfanhados. Até uma alegria
e outra tristeza. Por diante.
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Despedida de bílis. Faltando o sangue, sonhando a morte.
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Sem insulto, só pena: a minha; e inveja de ti, sempre feliz.
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