Sentado num plano com o pôr-do-sol à frente e a noite compacta
de estrelas atrás. Deus num lado e a facilidade do outro. Com o olhar não meço
horizontes e a incerteza dos passos não me move os pés. Por vezes enterro os
pés neste tédio de incertezas. Outras nado na felicidade de tudo.
.
Costumavas estar aqui, mas foste. Conversas levaram-te. Ou afinal
nunca aqui estiveste. Sei que estiveste. Disseram-me, explicaram-me e julgo ter
percebido. Foi o teu corpo, ficaste tu. Só cheguei agora. Invisível? Invisíveis.
.
Dizem que me culpabilizo. Não me perdoei, reconheço. Mas não
tem nada a ver, não é por isso que te perdoo. Não tem mesmo. O teu engano não
magoa. Se magoasse? Perdoar-te-ia como me perdoaste. Sem remorso e sem
comércio.
.
Talvez, se passar na rua, só te conheça o retracto. Além dos
sonhos sei da tua bondade. Nos dias que passam mudaste. Desvias-te dos
compromissos com Deus, talvez por amor a um homem.
.
Essa é a tua vida. Se estás num cruzamento? Estou num plano
de infinitos e aqui não passam estradas. Se estás em qualquer outro sítio? Não
saio daqui. Se queres o que não dizes? Não te oiço e não te vejo.
.
Explicaram-me e acreditei. Tenho todo o mundo para ir, mas
nele não te encontrarei. Estou e só te sei depois do pôr-do-sol.
.
Lavo os olhos no presente, colho flores e fico. Tenho todas
as incertezas, menos uma: não estás aqui.
.
Tudo à volta. Agora volto-me para dentro e regresso ao dia
normal.
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