O meu lugar é onde não há ninguém. Não quero o mundo, que
fiquem com ele. Bastam-me as paredes, as coisas, o tédio e o tempo de sobra. Lá
chove e aqui há vinho. Lá faz Sol e aqui há vinho. Quando é Inverno há sono. Quando
é Verão há gin. Nos outros tempos há dias incertos, mas dias de incerteza são
todos os dias. Vivo na casa, nos outros dias estou como o mundo. Lá fora há
calor e aqui janelas abertas. Tanto cá como lá, calor e frio, noite e dia,
música e tédio. Na verdade não se passa nada, tanto cá como lá. Até a agitação
da rua é igual à agitação doutro lado qualquer. Como tudo, já aconteceu em
algum lugar. É uma das poucas certezas.
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