digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quarta-feira, abril 18, 2012

Como os gatos

Porque às vezes não volto aqui, porque há dias com noites mais compridas do que os dias e noites mais densas do que o ânimo para ver o dia.
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As minhas gatas dizem-me com frequência:
– Por que te julgas gato, porque quase só dormes, e não bebes leitinho, derramado numa tigela, com língua?
– Porque não bebo leite.
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De resto, como gelados em caixas de litro e lamento-me por ter deixado de parte os enchidos. O doce levita o peso das horas e os chouriços carregam-me o colesterol.
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À tarde, por vezes, uma Sagres. Sem a batata frita, porque o colesterol manda. Uma Sagres e vontade de ver a bola; coisa a que quase não liogo.
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O tédio nos dias perfeitos é força bastante para que aqui não volte, ainda que quando volte não fique bem com mais nem com menos tédio.

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