digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quarta-feira, setembro 21, 2011

Verbo amar conjugado no tempo merecer












Um coração grande em corpo pequenino é ainda maior. Por isso, o abraço é a obrigação desobrigada. A gratidão de ser, além de estar ao lado. Um sorriso é justo, dois, mais justo será. Um mais, pelo menos, não irá sobrar.
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Um amor numa alma sofrida é ainda maior. De tanto abandono vem a vontade de dar. Quem sabe se ainda mais. Pela bondade dos olhos, menos não será. Gratidão? Não, justiça. Se todos merecem ser amados, os que sofreram justificam uma eternidade beijada.
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A presença após a grande ausência é ainda mais cheia. Não há sombra que resista a tanta luz. Vinda de frente, dos lados, de cima e de baixo, das diagonais, de todos os ângulos, de todas as dimensões, de todos os lados. O amor enche de luz as multidões. Ainda que traga o desejo, paixão da terra e da carne, a vontade despertada ilumina o que o mundano retira dando penumbra.
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As ternuras depois dos gritos são ainda mais doces. Agora, gritos só os do prazer. A tesão há tanto tempo contida… do calor à carência… da carência ao calor. Que se dêem as mãos e os olhos se encandeiem em qualquer sítio, os beijos que nunca fiquem por dar. Todos os abraços e o que mais apetecer, desde que seja por amor.
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Não sei o que é amar. Não diferencio, em perspectiva, o prazer de estar com a eternidade de ser. Numa dimensão bidimensional, só se distinguem as cores, que um cartógrafo pintou. Um sítio, num sítio qualquer, tem sítio para mim, para ti e para todos. Chamemos-lhe amor merecido, amor devido, amor desejado.
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Marimbo-me para as duas dimensões das letras, sei que, em concreto, há um sítio de amar e quem se possa amar. Quem mais deu e mais perdeu tem mais a quem amar.

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