digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quinta-feira, agosto 04, 2011

Numa água noutra vida
















Gostava de, agora mesmo, mergulhar numa água de flores. Não de aromas, mas de pétalas. A luz que ilumina a inteligência.
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Mergulhar contigo a ver. Ver-te mergulhar. Contigo fazer amor. Deixar que os teus beijos me façam explodir de homem. Que por ser homem me faça homem, herói para ti. A força sensível do homem que deseja.
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Sem televisão, mas numa música de final de tarde frente ao mar. Sem lembrar os beijos tristes e a pensar na descoberta de redescobrir, a inocência atrás dos corpos por despir e com vontade de perder a roupa.
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Uma varanda sobre o vento quente, antes que acabe o Verão, que não chegou a chegar. O encontro por trás. De Verão e mãos sobre o peito, de boca no pescoço. De loucura.
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Quendera uma solidão. Quendera, amor novo. Sem culpa nem fantasmas. Sem dor nem dúvidas. Sem consequências da consequência do desejo. Estrelas exibicionistas, num céu de azul diurno.
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Esquecer estes dias? Nunca. Lembra-los sempre. Entre o remorso e a dúvida, o medo e o desejo. A realidade e o sonho. Gato a passear no telhado, a Lua e o Sol, as flores e os dias sem fim e sem nada que os ocupe. Esquecer estes dias? Nunca os viver.
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Tantas dúvidas nas horas de tédio. Além das certezas, a indecisão. A impaciência. O desejo de facilidade. O desejo de felicidade. Pensar em ti.
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Ondes estás? Para ir. Para não ir. Para voltar. Para ser campeão. Para acordar para a vida. Para acordar. Para viver. Para renascer. Para não saber. Para não ser.
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A água de flores. A música de jardim. A luz do Sol. A luz da Lua. A luz das velas. A luz de adormecer. A luz de acordar. A luz da voz. Desejo, consequência e ausência de remorsos.
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Deus duma paisagem maior que Deus. Intemporal, o amor finito, numa existência finita, duma vida infinita.
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Braços abertos à luz do Sol. Frente, destemido, ao mar. Beleza, incerteza. Fora de mim. Fora daqui. A incerteza da certeza.
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Fugir, que é o meu verbo. Beijo, o meu desejo. Mergulhar na água de flores e esperar que sob as águas surjas para me beijar o que me faz homem.
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Entretanto, acordar e noutra vida.

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