digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

domingo, março 20, 2011

Um dia

Bordando o tempo com o carinho das mães, pousa a atenção na memória dos dias felizes. Enternece-se de olhos em lago, donde escorregam rios.
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Os anos passam e as pessoas ficam e esse ficar diminui com o adiantamento dos dias. Que partissem logo duma vez, os dias e as pessoas, para que a dor da falta se não sentisse nem a velhice aleijasse.
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Para que serve viver, quando a morte é uma certeza? Porque a saudade é um punhal. O sorriso das mães inunda o rosto.
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Por que partem as mães e ficam os filhos? Porque sobrevivem as mães a seus filhos? Que a minha nunca parta nem eu me vá.
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O amor é eterno e o que dói é não ver. Sim, porque há a fronteira, fina e impalpável, onde se passa dum para outro lado. Espera-se por cá o momento de ir e lá o de voltar. Assim deve ser. Assim deveria ser.
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O amor é eterno como a vida. Ainda nessa certeza, os olhos das mães fazem-se rios pensando em todos os dias dos filhos. Por que morrem as mães? Por que morrem os filhos?
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A natureza da morte é natural, e a naturalidade da morte é a dor. Para quê morrer se o nosso destino é viver?

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