
.
Quando me empurraram vida abaixo julguei que haveria um momento em que me estatelasse no chão, numa dor profunda e cega, capaz de matar, depois de muito sofrer e de temperar a carne com dormências.
.
Quando me empurraram vida abaixo julguei que bateria no fundo. Ainda não bati. A vida continua a teimar na queda e, no escuro, não vejo onde me agarrar. Ainda que visse não tenho forças para me levantar.
.
Só um elevador me fará subir. Ou uma outra vida. Ou uma mão benigna de anjo. Continuo a cair, agora com a angústia dos suicidas de se jogar para o abismo. Continuo a cair, desejando o embate que me leve. Que me leve a dor aturdida, que antecede a dor brutal do impacto no chão.
.
Continuo a cair. Em mim não há sono que me vença, para que sinta cada momento do desgosto. Continuo a cair na desilusão. É uma outra certeza… e a incerteza é se pararei de cair.
.
Continuo a cair.
1 comentário:
somos dois
ahhhhhhhhhhhh...:)
beijos
Enviar um comentário