digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quarta-feira, fevereiro 17, 2010

Jardim triste

Gosto dos jardins tristes e nostálgicos, onde a luz vem filtrada pelas árvores e a sombra se faz presente, de manhã ao cair do Sol. Gosto quando vem a luz e enxota a frescura obrigatória. Dispenso os laguinhos, prefiro só um relvado e as árvores sombreiras. Nele, as primeiras e as últimas flores da Primavera. Nele, o silêncio profundo dos dias de tristeza. O vento tímido a soprar para perto as ideias. De gola alta, espojado no chão, sarapintado de ervas e humidade, ou sentado numa chaise longue, enfrentaria feliz a ausência do que fazer. Porque o que é triste não é não ter nada para fazer. Triste é não ter dinheiro para não fazer. Se ganhasse uma fortuna, por pequena que fosse, teria um jardim triste.

1 comentário:

flôr de sal disse...

"nunca tive dinheiro suficiente para poder ter tédio à vontade", dizia o poeta. e eu com o dinheiro alheio, construo um tédio de vergonha e que é só meu.