digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

terça-feira, janeiro 26, 2010

Música

Quando todos imaginavam sexo, eu abstinha-me. Quando todos julgavam abstinência, eu enlouquecia.
.
Quando todos imaginavam sexo, eu espumantava. Quando todos celebravam fúnebres, eu estava indiferente. Quando todos me julgavam vivo, eu estava morto.
.
Que diferença faz se não me notam? Voando por aí, fingindo invisibilidade. Fingindo voar. Fingindo olhar do alto das nuvem. Fingindo estar sob os tectos sem tocar o chão.
.
O que importa? As pessoas querem é sexo e dinheiro… e poder mandar. Depois vem o amor. O amor pode esperar. Afinal, o amor vem e vai e todos sabem que um dia todos iremos. A morte custa, mas o que realmente importa é ter.
.
Não me excluo. Mas por via de não ter amor. Por não saber amor. Por não saber, amor. Disse amor? Foi retórico.
.
Quando todos imaginavam amor, eu estava indiferente. Um dia morrerei e, com sorte, alguém me há-de chorar. Se não descobrirem que não estou onde deveria estar. Tocando música, dizia, mangado música, fazia.

1 comentário:

flôr de sal disse...

O que os outros acham em nós, nunca é a terra de vera cruz. Deixá-los plantar pelourinhos, porque onde os olhos não chegam, a terra é virgem