Neste pequeno silêncio, neste espaço em que as palavras são apenas pensamento, neste compasso de in-movimento do olhar e serenitude da respiração, nesta vontade de não vontade, há uma mágoa de saudade.
.
.
A saudade é uma ferida da memória. Na saudade cabem os mimos da mãe, a paciência das avós, os passeios com o pai, o jardim das pirâmides de Faro, o odor do mar na linha do Estoril.
.
É outra vez Natal. Mais um feito de pouca coisa. Não de coisas, mas de qualquer coisa. É nova caminhada no silêncio de ruas vagas, entre caixotes do lixo por vagar os papéis bonitos, os laços e os plásticos.
.
É outra vez Natal. Mais um feito de pouca coisa. Não de coisas, mas de qualquer coisa. É nova caminhada no silêncio de ruas vagas, entre caixotes do lixo por vagar os papéis bonitos, os laços e os plásticos.
.
Na manhã de Natal não há ninguém, felizmente. Tenho uma cidade só minha. As minhas dores têm mais espaço para se largarem e algumas, tenho esperança, voem e não voltem, como se fossem rolas.
Na manhã de Natal não há ninguém, felizmente. Tenho uma cidade só minha. As minhas dores têm mais espaço para se largarem e algumas, tenho esperança, voem e não voltem, como se fossem rolas.
.
Sempre que se acaba o Natal digo:
Sempre que se acaba o Natal digo:
- Daqui a nada estamos outra vez no Natal.
E assim é. O Natal não é como o ano novo. O Natal é um tempo velho. O ano novo é um caderno de folhas para escrever. Entre uma e outra data há dias seis dias sem qualquer sentido nem utilidade.
.
Fossem sempre assim os dias: sem sentido nem utilidade. Seriamos todos mais livres.
.
Fossem sempre assim os dias: sem sentido nem utilidade. Seriamos todos mais livres.
Sem comentários:
Enviar um comentário