digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

terça-feira, setembro 08, 2009

Verde

Pelo vidro fosco. Pelo vidro baço. Vidro escuro, de verde-garrafa. Verde-garrafa de verde-garrafa. Garrafa de verde-garrafa. Óculos de fundo de copo. Fundo do copo e fundo de vida. A vida toda adiada e já com pouco tempo para ser vida. Uma vida parada, enganada, encalhada, deserdada, mal-amada, indesejada e tudo o mais que define uma vida que nunca se quis. Tempo de adiamentos. Os dias são vinte e quatro horas de convivência íntima, absorvente, involuntária, imprescindível. Indefeso perante a vida. Indesejado perante a vida. A vida escura, de verde-escuro, de verde-garrafa. Verde-brisa para limpar tudo o que vai pela cabeça dum encalhado. Verde-brisa, para que o ar traga pensamentos da Irlanda ou doutra terra de além-mar mais a Norte, onde se sonha uma vida decente, mais fresca. Aqui é calor. O despontar das flores, das rosas. Rosas murchas de tanto desamar, que é um amor ao contrário e sem ser ódio. Aqui brotam as rosas, as que se vêem e passam e as rosa-espírito, que podem ter qualquer cor, desde que não sejam escuras, verde-garrafa.

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