digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sexta-feira, julho 17, 2009

Deserto para sair de mim


Ela acompanha-me sempre como um anjo ou um demónio. Está quando me esqueço e quando me lembro faz-me sinal para me lembrar mais. Já fugi e desisti. Apertei e soltei os sentimentos e lembranças. Penso que faz parte de mim como um braço ou o fígado. Um amor que rejeita o corpo. Um amor vampírico, liana oportunista, sanguessuga. Fui muitas vezes para longe, mas a carga que levei voltou. No silêncio dos retiros, a voz dela eleva-se e apresenta-se insinuando-se. Na confusão e no burburinho choca de frente e aperta-me os olhos e coração. Já fugi e desisti muitas vezes. Fugir de mim não resolve. Sei que mesmo desistindo de mim ela estará comigo, como um anjo ou um demónio. É ora maldição ora consolo. Já não existo sem ela, sua dor e contentamento.

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