digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sábado, março 21, 2009

Separação

Não me recordo se manhã ou tarde, mas sei que me levou noites e madrugadas de pensamentos de dor. Eu com a cabeça cheia ouvia-te dizer o que calculava e não queria. Escutava-te no inacreditável fim. No teu colo pousei a cabeça e molhei-te com as primeiras lágrimas dos desgostos.
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Essas águas passaram, mas não passaram as dores dessas noites nem a incompreensão do fim. Tínhamos tudo para sermos até ao fim. Ao fim desta carne, porque em alma estaremos, cada um por si, unidos.
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Houve quem esperasse por nós. Desilusões vagamente violentas. Desilusões se sal no sangue, que me feriram e te pouparam. Porque só eu as pude ver e ouvir.
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Desde então, desde essa manhã ou tarde, de dores de noite e madrugada, que só tenho o sangue a revoltar-se nas veias e as lágrimas no pensamento. Certamente um dia faremos contas, mas, digo-te já, que te perdoo.


Estrela Da Tarde - Carlos Do Carmo

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