digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quinta-feira, janeiro 29, 2009

Elas o outro e eu - Polígono amoroso - Telenovela venezuelana dobrada em mexicano - Ai a minha vida


- Há um gajo que andou a atirar-se à minha ex-namorada, que era minha namorada na altura.
- Aconteceu alguma coisa?
- Não. Naquela altura não aconteceu nada. Acho eu...
- Sim...
- Depois deixámos de andar.
- Eles começaram a andar?
- Não, mas não sei se não se enrolaram. Talvez. Não sei.
- O que te leva a pensar isso?
- Intuição masculina... Ao mesmo tempo comecei a namorar com a namorada dele, uma pita.
- Xiii... ele soube?
- Não sei. Acho que sim... Pelo menos deve ter desconfiado, porque ela disse-me que tinha acabado com ele.
- Pois...
- Essa pita era colega da minha ex-namorada.
- Ela soube?
- Soube.
- Como é que soube?
- Eu disse-lhe.
- É preciso ter tomates.
- Diz antes que é preciso ter jeito para fazer disparates.
- Porquê?
- Porque a magoei.
- Ela ainda gostava de ti?
- Acho que sim... mas foi ela que acabou comigo.
- Então o que queria ela? Tens todo o direito de seguir a tua vida.
- Mas elas eram colegas, era tudo muito recente... magoei-a. Lamento-o.
- Qual foi a reacção dela?
- Ficou furiosa. Fez-me uma cena de ciúmes mal disfarçada.
- Ela era ciumenta?
- Nunca me tinha feito uma cena de ciúmes. Nunca enquanto namorámos. Acho que teve, mas nunca mo demonstrou.
- Como é que isso ficou?
- Não ficou. Não falámos durante um tempo. Depois a minha relação com a pita também terminou.
- Ele começou a andar com a tua ex ou voltou para a pita?
- Acho que para a pita não voltou, mas não juro. Quanto à ex, não sei o que aconteceu.
- Pois, tinhas-te desligado...
- Nem mais! Mais tarde, um ano ou dois, conheci uma miúda... gira!
- Eheheh... sempre tiveste miúdas giras atrás de ti...
- Bem... obrigado, mas... Mas dizia-te... Demos uns beijinhos, umas voltas...
- O normal.
- Sim, o normal. Mas ela tinha um namorado. O tal gajo...
- Fónix! A sério?
- A sério.
- E então?
- Acho que estavam zangados. Não sei se não se voltaram a reconciliar-se.
- Como não sabes?
- Não sei. Aquilo durou muito pouco. Fomos falando.
- O gajo soube disso?
- Soube.
- Como sabes?
- Sei muita coisa.
- Sabes muita coisa?
- Sei. E sei que ele continuava a dar em cima daquela ex-namorada.
- Como sabes?
- Contou-me essa miúda que te disse que era gira.
- Jura!
- Juro!
- Como é que ela sabia?
- Não sei. Desconfio que ele lhe tenha dito.
- Pois... Que cena!
- Ela tinha ciúmes da outra.
- Imagino... dois homens e a mesma mulher.
- As mesmas mulheres.
- Parece que têm o mesmo gosto para as mulheres.
- Parece que sim.
- Andaram todos a ir para a cama uns com os outros.
- Sim, com os ausentes.
- Nunca mais soubeste nada deles?
- Vou sabendo. Disse-me essa miúda, que te disse que era gira, que morriam de ciúmes meus e dela.
- O gajo e a tua ex?
- Eles. Eles todos. Todos nós.
- Que confusão!
- A ex-namorada tinha ciúmes da gira por minha causa e por causa do outro. O Outro tinha ciúmes meus por causa da namorada e da minha ex. Eu tinha ciúmes dele por causa delas as duas.
- Como sabes isso tudo?
- Porque a gira me contou o que ele lhe tinha contado, acerca do que a ex-namorada tinha dito.
- Portanto, todos sabiam de todos.
- Acho que sim. Não sei é se todos sabiam tudo o que os outros sabiam.
- É o que dão as partilhas de travesseiro...
- Foi um período da minha vida que quero esquecer. Foi doloroso. Doeu muito e tambem fiz doer.
- Nunca estão satisfeistos com nada. O que têm não serve e só querem o dos outros.
- Nem mais... mas acho que eu também.
- Chegaste a conhecê-lo?
- Sim... vi-o duas ou três vezes.
- Então?
- Pareceu-me um tipo simpático, mas foi um bocado estranho.
- Essa estória parece uma telenovela.
- É uma telenovela!... E das más! Acabou e não acabou nem bem nem mal.
- Antes pelo contrário...
- Isso mesmo!

1 comentário:

Anónimo disse...

Gosto dos teus textos sério-irónicos em que falas, velada ou declaradamente, de amor. Gosto muito, muito. E depois gosto destes teus diálogos que não me apetece parar de ler. São hilariantes! Obrigada pelas gargalhadas tão saudáveis :) Devo-te um sorriso viçoso. Beijo :)