digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

terça-feira, maio 27, 2008

Coragem





















Não tenho a coragem congénita das mães. Tenho apenas o parto, e o meu fruto está ausente desde a nascença. Não tenho a coragem infalível das mães. Tenho a cobardia assassina, voragem de pesadelo. Não tive nascimento, mas uma queda. E outra queda depois da infância. E outra queda mais tarde. Sou a cascata, também no choro. As palavras deixam de ecoar, esfumam-se no ar que as devia propagar. Esfumam-se como a luz fraca que tenho. Um dia depois de outro. Um dia depois de outro. Os dias nos outros. Os dias em mim. Esta voragem de pesadelo e a falta de coragem, de ir e de ficar.

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