digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

segunda-feira, fevereiro 04, 2008

A – à. B – bê. A-B-Erto. Reaberto. Tudo explicado





















Um coelho fugiu do Paraíso e não cheguei a encontrar a porta. Não o pude seguir. Não estava nem para cá nem para lá da porta.
Nem para dentro nem para fora sentia a felicidade de estar fechado. Nem de estar aberto. Entre uma coisa e outra estava uma porta entreaberta; ou fechada com uma janela aberta.
Os coelhos podem ser agarrados pelas orelhas, é essa a grande vantagem de as ter. Mãos pequenas podem escrever coisas grandes, além de segurar coelhos. Não digo que sejam grandes as palavras, mas justas e medidas. Nem sempre bem.
À falta de melhor ideia e ilustrativa imagem para as ausências, defeitos, contra-sensos e revisões, fica o coelho solto e fugido do Paraíso. Se bem que não saiba onde está, sei que andará por aí devido à falta de predadores. O coelho raramente sabe o que diz e partilha tudo o que sabe.
Não o pude seguir. Passou de lá para cá da porta. De que serve uma porta se não pode fechar ou deter? De que serve uma porta fechada com uma janela aberta?
Não por distracção, amuo ou depressão se fechara a porta. Não por vontade séria, reconciliação ou nova alegria se abriu. Quando não faz sentido o fecho talvez faça a abertura.
Reabriu-se então, visto estar cá fora o coelho que ninguém viu. Provavelmente ninguém o verá. À falta de melhor ideia e imagem serve o coelho. À falta de senso ou significado serve o coelho.

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