É quando os dias têm o escuro precoce, e ao ouvir aquela música que não sei definir ou catalogar, que me lembro mais de ti. Não chega a ser uma evocação das madrugas em que te procurava, com desejo e receio, na sala de dança do Lux. Não chega a ser, mas foi a lembrança que me veio.A minha solidão já vive bem sem ti, já não és a sua companhia nas horas dolorosas. A minha vida ainda não existe sem o passado. Só com passado há um futuro sábio e perdão.
Não sei se já te perdoei. Não sei se já me perdoaste. Não importa. Que importa o perdão no tempo de ausência. Não há ódio. Há silêncio. Nem um murmúrio. Nem escuro nem claridade. Espaço sem som e de branca sombra.
Haveria um silêncio em mim se não fosse aquela música que não sei definir nem arrumar. Este é um dia de escuro precoce, é de Outono. Os dias são maduros, porque não sabem, infelizmente, ser infantis. O futuro é mais feliz sem alguma memória. Hoje é um dia de escuro precoce e daquela música.
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