digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

terça-feira, outubro 02, 2007

Dia daquela música

É quando os dias têm o escuro precoce, e ao ouvir aquela música que não sei definir ou catalogar, que me lembro mais de ti. Não chega a ser uma evocação das madrugas em que te procurava, com desejo e receio, na sala de dança do Lux. Não chega a ser, mas foi a lembrança que me veio.
A minha solidão já vive bem sem ti, já não és a sua companhia nas horas dolorosas. A minha vida ainda não existe sem o passado. Só com passado há um futuro sábio e perdão.
Não sei se já te perdoei. Não sei se já me perdoaste. Não importa. Que importa o perdão no tempo de ausência. Não há ódio. Há silêncio. Nem um murmúrio. Nem escuro nem claridade. Espaço sem som e de branca sombra.
Haveria um silêncio em mim se não fosse aquela música que não sei definir nem arrumar. Este é um dia de escuro precoce, é de Outono. Os dias são maduros, porque não sabem, infelizmente, ser infantis. O futuro é mais feliz sem alguma memória. Hoje é um dia de escuro precoce e daquela música.

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