digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quarta-feira, julho 04, 2007

Parado junto ao vento

Quando a brisa ou a ventania passa no vale de prédios, passo por ali também. Às vezes passo. Outras paro nos semáforos. Por ali passo sempre a olhar para o alto, para o cimo da escarpa a ver se te vejo:
- Uma luz.
- Um assombro.
- Um aceno.
- Um acaso.
Passo pelo vale e sigo, porque o vento assim mo diz e a ausência mo ordena.
Tenho retratos teus espalhados pela casa. São quadrículas pequenas, pequeno pontos de luz a gerar luz e ventania no espaço fechado duma sala. Não poderia ser melhor o retrato, múltiplo e desarrumador.
Quando passo pelo vale lembro-me de abrir as janelas todas quando chegar a casa e deixar entrar toda a luz que encontrar. A projecção de sombras não é nem dor nem raiva, antes marcador do tempo.
Quando passo pelo vale do vento olho sempre para cima à espera dum aceno, por acaso, ou duma luz que te traga até mim. O vento é só vento e um dia seremos os dois pó.

1 comentário:

Anónimo disse...

A irrefutabilidade da existência humana reduzida à sua básica situação de voltar a ser pó! A biologia humana torna-nos mesmo iguais, nem melhores e nem piores! REsta-nos o consolo de que a diferenciação foi feita nas acções ao longo da vida!Com mais ou menos luz, com mais ou menos vento...
bjocas da terra do calor insuportável...