Passo dum país para outro com a normalidade dos passos distraídos. Não quero conhecer as fronteiras e por mim todos os Estados são iguais, feitos de paisagens e pessoas diferentes.
O mundo faz-se de pouca gente, não vale a pena pensar que somos muitos. É mais difícil enumerar os países, que são menos.
Tenho uma namorada linda que não me acompanha nas viagens. Tenho uma namorada tão bela qunato a outra que me espera em todas as chegadas. O mundo não tem fronteiras, apenas linhas imaginárias e inúteis aos passos distraídos.
Do mundo não se passa. Da fronteira do mundo não se passa enquanto se está com os pés na Terra. Nem mesmo os astronautas que vão à Lua, pois espreitam sempre pela janela para a casa.
A Terra é plana e redonda e quadrada e cúbica e da forma que der mais jeito para atravessar as fronteiras com passos normais de quem vai distraidamente percorrendo-a. Passo dum país para outro indiferente à viagens. Não viajo! Não sou aventureiro nem turista, apenas me desloco indiferente às fronteiras: como um bicho migratório, mas errante.
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