Dentro de mim tenho o meu mundo, tão errático quanto o universo donde venho. A minha cabeça está adaptada à atmosfera doutro quadrante, aqui desencontra-se e estranha o ar, a luz e os ângulos certos. A minha cabeça questiona o meio-dia e o quarto para as três. Não nasci para ser rico nem famoso. Não nasci para ser pobre nem ausente. Não nasci para ser mediano e remediado. Não pertenço aqui. Não sei estar doente nem loução. Quando era menino estranhava a infância e nunca percebi a adolescência. Agora que sou adulto quero ir para velho e quando lá chegar penso na viagem de volta ao lugar donde vim. Todavia só temo não encontra a porta. Por agora vagueio pelas praças a conversar com os pombos. Na minha cabeça transporto o meu mundo errático perante a indiferença de todos e a certeza curiosa das aves.
3 comentários:
uma ave curiosa a ler ;)
Sou inadaptado por natureza. Sou inadaptado porque considero redutor à adaptação ao meio e à sociedade onde vivo. Seria frustrante e potencialmente perturbador se agisse frequentemente segundo os módulos já inseridos e contemplados. Tudo...não passariam de co-acções a esse mesmo «habitat». Tudo o que me resta sou eu, a mente. Escrevi algures numa noite sombria, que me aguardava impacientemente para soltar as minhas vivências em meras letras e frases descabidas, desconectadas sem nunca vislumbrar a realidade de tal natureza. E ao ler vislumbro...crio a conectividade dentro das suas frases dotadas duma emotividade bastante tensa e realista. Sentimento ambíguo, concorda?
Caro anónimo: sim, parece-me um pouco ambíguo. Mas também creio que o sentimento de inadaptação existe em todos nós em relação a diferentes situações. Enfim, nem sei o que lhe possa dizer.
Saudações
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