digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sábado, abril 14, 2007

Sábado de infelizes

A televisão ficou ligada toda a noite. Reparo agora que a roupa está arrumada e só o meu corpo ficou a destoar. Dormiu-se sem sem pressas, mas acordou-se em sobressalto. Passaram-se quantos meses? Três? Seis? Seis. Três.
As marcas do sono que fazemos a dormir não são só nossas, são de quem partilhamos a cama. A televisão ficou ligada toda a noite. A garrafa de água de todas as sedes ficou intacta e um velho copo de água amarecele esquecido todos os dias em cima da mesa de cabeceira. O pó volta ao seu lugar.
A solidão repousa nos momentos vagos e nos espaços largos. Não restam luzes de faróis nas noites. Os tempos já não são de evocação e perdeu-se a paciência para esperar e ainda mais para saber contar os dias até ao possível regresso. O pó volta ao seu lugar.
A roupa está arrumada, a água da garrafa toda por beber à espera duma sede que a seque desabrida e o pó assenta nos lugares. O meu corpo faz parte do lugar. Não sei se assim parece a minha alma e os meus olhos, presos a um quadro ou fixos num parapeito duma janela escancarada para dentro. Fecha-se tudo e volta-se a dormir. Ainda hoje será outro dia.
Eric Satie - 1e Gy...

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