As marcas do sono que fazemos a dormir não são só nossas, são de quem partilhamos a cama. A televisão ficou ligada toda a noite. A garrafa de água de todas as sedes ficou intacta e um velho copo de água amarecele esquecido todos os dias em cima da mesa de cabeceira. O pó volta ao seu lugar.
A solidão repousa nos momentos vagos e nos espaços largos. Não restam luzes de faróis nas noites. Os tempos já não são de evocação e perdeu-se a paciência para esperar e ainda mais para saber contar os dias até ao possível regresso. O pó volta ao seu lugar.
A roupa está arrumada, a água da garrafa toda por beber à espera duma sede que a seque desabrida e o pó assenta nos lugares. O meu corpo faz parte do lugar. Não sei se assim parece a minha alma e os meus olhos, presos a um quadro ou fixos num parapeito duma janela escancarada para dentro. Fecha-se tudo e volta-se a dormir. Ainda hoje será outro dia.
Eric Satie - 1e Gy... |
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