Sou uma animal vagamente gregário. Encontro-me na margem. Não sei se ainda estou dentro ou se estou quase a chegar. Não suporto a multidão e assusta-me a solidão. Doi-me o permanente conflito e a indiferença da incompreensão, como se fosse um capricho toda a tristeza involuntária da minha natureza.
Os pequenos poemas de amor que te não escrevi só não aconteceram porque não estavas cá. Possivelmente eu estava no fio da margem, onde a vertigem fere a vista e onde só a coragem do amor resgata. Se não tiveste o teu poema de amor foi porque não fizeste por o mercer. Se não o fiz foi porque, inadvertidamente, me esqueci com toda a dor da melancolia e da sobrevivência.
Sou um animal vagamente gregário e só vivo na margem: na margem da praia e não no abraço que sacia e me tira o ar. Nunca estarei dentro nem fora, mas no fio do brilho e da sombra.
7 comentários:
ei, gostei demais desse texto.
beijo
J.B. no seu auge literário, adorei cada frase.
Gostei muito!
:-) ogrigado por vossas palavras gentis
já diz o anúncio....há um rio e uma margem.
Eh pá!! Atira-te ao rio!! Mergulha de cabeça. Corre riscos! Vais ver que um dia acaba por compensar
Caro Anónimo: Como deve ser novo nestas paragens devo esclarece-lo que estes textos não são nem têm de ser autobiográficos. Portanto, o seu comentário para me atirar ao rio só não é ofensivo, porque deve resultar da ignorância sobre a filosofia deste blogue. Disparates à parte, aconselho-o a ler o editorial que se encontra em parte bem visível do blogue onde se explica a filosofia do blogue antes de mandar o autor atirar-se a rios.
Saudações
Que saudades de te ler :))
Enviar um comentário