digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

segunda-feira, janeiro 22, 2007

A espera

Ainda é tarde, quase quando a noite dá a curva. Espero. Espero só por esperar. Tenho o hábito de esperar. Hoje espero por ti ou que telefones.
Um copo de whisky com gelo aquece-me nas mãos. Se soubesse esperar teria escolhido Cognac, para não ter pressa ou ansiedade. O pendulo do relógio bate-me cada vez com mais força na cabeça. O frio entra-me pelo corpo dentro, tal como o escuro que me cerca.
A visão desfoca-se por enamorada pelo whisky. Algum calor permanece, tal como o escuro que me cerca. O telefone não toca nem surge a tua silhueta atrás da bandeira da porta em vidro martelado. Se soubesse esperar estaria com um balão de Cognac na mão em vez deste balde baixo com três pedras de gelo a aquecer-se na minha palma. O pendulo do relógio distancia-se às vezes, mas regressa para me agredir a ansiedade.
Se soubesse esperar não teria à frente uma garrafa de scotch que esvaziarei até às primeiras horas da manhã. Vou adormecer à tua espera ou do teu telefonema. Quando aconteceres estarei a dormir ou ébrio ou duas coisas. Maldita ansiedade... e tu que não vens.

4 comentários:

Anónimo disse...

Identificas-te mais, com: "quem espera sempre alcança"? ou "quem espera desespera"?, a ver pelo texto, parece-me mais a segunda, certo?

Anónimo disse...

a espera é difícil viu...muito difícil!

Folha de alface disse...

:)

Ana Fonseca disse...

A temática da espera dá pano para mangas (ou, neste caso, palavras para textos, livros...!) Concordo com o Anónimo... A espera é difícil! Sempre difícil... Especialmente quando não se sabe muito bem por quem se espera, ou o que esperar... Há vezes em que se sente que alguma coisa falta e nem sempre se consegue saber o quê... Mas espera-se, mesmo assim, que venha isso que faz falta, ou pelo menos que saibamos o que esperamos... Talvez para sentar e beber um whisky, um licor, alguma coisa que aqueça... A espera é fria!
Genial como sempre, João!
Beijinhos!