digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Sacrifício

O gesto ensaiado não faz parte. Tanto faz. Faz parte para quem não entende, é apenas encenação.
O gesto ensaiado faz parte do meu trabalho. Faz parte da sedução. Eu diante das máquinas sou um maestro diante da orquestra.
Segredo palavras e frases longas aos ouvidos misteriosos das engrenagens. Só os iniciados podem saber o que pode questionar outro iniciado. Nenhum sábio questiona outro sábio. Nenhum erudito presencia a sessão doutro erudito. Segredo conhecimentos obscuros aos ouvidos da maquinaria e interpreto as respostas perante uma assembleia crédula.
A minha assistência acredita-me e louva-me, porque presencia os meus milagres com as máquinas. Sou um maestro. As rodas-dentadas obedecem-me. A electrónica ajoelha-se diante de mim. Não há zingarelho que ofereça resistência ao meu saber. Sou prodigioso.
O gesto ensaiado não faz parte. Passa a fazer quando entra a sedução.

2 comentários:

Anónimo disse...

Ahahahahahaahahhahahah que maravilha de visão eu tive a ler este texto.

Folha de alface disse...

e aposto q caem q nem tordos..ehehe