Parti a jarra e espatifei as violetas. Deu-me uma raiva que esfrangalhei todas as corolas. Não me peçam palavras bondosas nos dias vermelhos. A água do vaso estava esverdeada da seiva e não me comoveu nem acalmou os pés. A luz forte do Sol do Sul não é bela o suficiente para anular a gravidade e a queda. O descuido duma vida acontece num nada.
Parti a jarra e espatifei as violetas. Agora tenho rastos pequeninos de cor pelo chão e sinto-me pelos gestos brutais. Não há nada a fazer, está feito e ter gritado não me teria bastado.
Parti a jarra que era de loiça fina e desfolhei as violetas como um homicida à luz quente dum dia de Agosto. Tinha o sangue caudaloso nas têmporas e gritar não me bastou. Paciência, está feito. Amanhã compro margaridas.
4 comentários:
não há volta a dar... tens sempre algum texto imprevisto à janela!
gostei de tudo... das palavras imporváveis e das imagens possíveis!
bem sabes... gosto de símbolos e sentido ocultos...
violetas, violetas? violeta significa amor-perfeito... e margarida remete para pérola, como a Lua... redonda, oculta... que, quando se releva, nos maravilha com o seu brilho hipnotizante!
belo texto!
beijinho!
dia muito feliz!
o curioso é que esta flor do quadro não são violetas. ilusão talvez...
pois não. curioso é que o que se lê neste blog não ter de ser real
:)
Beijinhos, muitos beijinhos, violetas e de outras cores!
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