Não sei o que te diga, mas quando chego a casa estou cansado e não me apetece cozinhar e ainda menos preocupar-me com as contas para pagar e ainda menos ouvir-te nas preocupações do dia-a-dia e menos ainda saber dos problemas dos miúdos na escola e ainda menos ouvi-los a brincar ou a correr ou a gritar ou saber como lhes correu o dia na escola. Não sei o que te diga, mas quando chego a casa não quero ajudar-te em nada nem fazer o trabalho por ti, quero apenas descansar e estar só. Será isso egoismo, será. Não quero saber.
Quero olhar para os meus quadros e ler os livros, ser solteiro, masturbar-me enquanto vejo televisão e ver indiferente, como se fosse um filme, a violência noticiada.
Quando me deito não quero fazer amor, quanto muito quero-te e quererei fazer sexo. Depois terei de dormir para no dia seguinte, pela manhã, poder ser um bom pai e bom marido.
1 comentário:
Que descrição tão crua e tão real, de quem sofre com o rotineiro quotidiano...Fantástico João !!!
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