Plantei campainhas num canteiro que coloquei à janela. Até agora não tinha flores em casa. Abri as portadas para que o vento chegasse e arejasse o mofo. Até agora nem a luz deixava que entrasse. Rego todos os dias as campainhas, que são flores bonitas e frágeis. Às vezes debruço-me à janela e rego a rua. Às vezes só quero molhar quem passa, outras apenas quero insultar os anónimos. Às vezes chego-me à janela de explico aos passantes quem foi Marcel Duchamp e a sua importância para a arte. Às vezes percebo que perco tempo, porque os anónimos nem entendem que as palavras e as imagens não têm de só escrever e mostrar a realidade. Quando percebo, encho-me de paciência e rezo para que tenha calma e não lhes feche a janela na cara, pois podia o canteiro cair e estragar o arranjinho de campainhas.
Nota: Dedico este texto ao cidadão anónimo que tão atentamente notou que a imagem do texto abaixo não retratava violetas. Após tão brilhante apontamento, desejo-lhe que conheça a instalação do urinol de Marcel Duchamp, percursor da arte conceptual, e, já agora, a obra dos surrealistas.
6 comentários:
meu amigo... meu amigo...
então?
que importa... que importa... não ser entendido... que importa se alguém vem só para sublinhar um "erro"... que importa?!
Gostei do teu canteiro de campainhas! és tão "infotocopiável"!
:)
beijokas!
tem um dia muito feliz!
Não sei pq. te dás ao "trabalho" de dedicar textos a anónimos...até podias ser um Zé qualquer, uma Maria vai com as outras, mas um anónimo...por favor!
Lol, gostei sem duvida :-)
Personagem unica e infotocopiavel, que tu és.
Já vi que conheces algumas pessoas que estam aqui por Faro. Quando vieres ao Algarve avisa, para te pedir um autografo.
Abraço,
ahahahaha adorei
dlin, dlin, guess who's back? :)
vim só dar um beijo e cumprimentar as flores do teu jardim!
pouco importa de que espécie são... são "obras" das tuas mãos, plantadas como palavras!
beijos!
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