Ontem acabou-se a música cá em casa. Por razões várias tenho andado a escutar música num leitor de CD portátil e as pilhas faliram a meio duma jantarada. A rádio teimou em não sintonizar a Oxigénio e o vinil mostrou-se datado e chato a pedir constantes viragens. Já não me bastava estar financeiramente aquém do desejado para ter serventes e casa maior?!
Adiante, porque a razão do texto é a comida que por cá se papou. Desta vez fui também vítima de mim próprio e aterrei no sofá após a refeição, quase desconhecendo a posição do Norte e a ordem das letras no alfabeto.
Primeiro servi um branco do Douro, Curva Reserva (2005) de seu nome. Serviu para entreter enquanto os pioneiros esperavam pelos atrasados. Não me espantou e duvido que o torne a tragar, embora não sendo um mau vinho. Lamento esta coisa de muitos brancos portugueses cairem no excesso de açúcar residual. Por mim não o torno a beber, só se mo servirem e a educação mo obrigar a engolir.
A entrada fez-se de cogumelos brauner recheados de fois-gras e chévre gratinados no forno. Modéstia à parte, estavam estremecentes. A eles juntou-se um delicioso Chateau Villefranche (2000), Sauternes, pois claro!
Agora tenho de contar uma coisa: este jantar foi feito a pensar num vinho. Toda a ementa desenhada para o honrar e lhe fazer trono. O Rei da noite foi o espumante de Vinho Verde Quinta de Soalheiro Super Reserva Bruto (1999), feito apenas com uvas da casta alvarinho em Melgaço. Em homenagem pôs-se na mesa um cozido de lombardo e nabiças, onde pontuavam ainda nabo, batata, cenoura e chouriço de porco preto, mais umas batatinhas salteadas em azeite do Norte Alentejano, que acompanharam costeletinhas de borrego temperadas com salva e aipo e Vinho Verde alvarinho - uma garrafa bem rolhada que aí andava de Muros de Melgaço, que lhe deu leveza e frescura. Quando acabaram as garrafas do espumante maior da noite, vieram para a tábua outros vinhos de merecimento e também eles espumantes nascidos na mesma sub-região do Vinho Verde de Monção. Surgiu primeiro um Côto de Mamoelas (2004) e um Castas de Monção (2004).
Com este último vinho, também bem aplaudido, serviu-se a sobremesa: cerejas, divinais como todas as que têm nascido este ano, e tâmaras de travo a caramelo e cuja proveniência desconheço, mas suspeito que tunisina.
Nota: Dedico este texto à amizade, companhia e boas conversas da Suspinha, Nanda, Xana, Ares e Vasco.
8 comentários:
essas lautas refeições nos teus aposentos são de babar...
a parte dos cogumelos então...
:-)
Que saudades desses amiguinhos :)) E fiquei a babar-me com os cogumelos gratinados no forno. Com o recheio que escolheste, deviam estar de comer e chorar por mais! Um beijo grande, amigo de alma grande :)
Posso atestar que a comida estava divinal, o vinho perfeito, mas mais do que isso, o anfitrião foi, como sempre, imbatível. Sim, era um jantar de vinhos, mas eu acrescento: e de amigos.
Obrigada meu querido.
X.
Depois de muitos e merecidos protestos finalmente visitei os teus textos. Adorei o que li! O texto do jantar "acabou-se a música" está absolutamente fiel ao ambiente que lá se viveu...e comprova que o prazer que tens em receber e partilhar não se esgota no momento...o texto ganha agora o espaço do prolongamento...obrigada por gostares de nós e de estares sempre disposto a celebrá-lo!
Depois de muitos e merecidos protestos finalmente visitei os teus textos. Adorei o que li! E quanto ao jantar "Acabou-se a música" confirmo que a literatura foi bem fiel ao ambiente que lá se viveu e comprova que o prazer que sabemos que tens em receber e partilhar não se esgota nos preparativos e no momento...agora os textos ganham o espaço do prolongamento! Obrigada por gostares de nós e por estares sempre disposto a celebrá-lo! fernanda
Ainda bem que não fui... cogumelos, blaaaaa... costoletas de borrego, bla.....espumante ou champagne como queiras e mesmo que mt bom, bla... A unica coisa realmente que aqui se aproveitava eram os amigos e as cerejas...
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