digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sexta-feira, junho 23, 2006

Só mais um cafézinho!...

Gosto tanto de café que até estou proibido de o beber. Ainda assim tomo dois por dia... às vezes três. Não posso, não devo, nem quero... mas quando dou por mim... Não é por vício, nem por necessidade, mas por um amor tresloucado ao sabor e ao odor do café. Nunca fui viciado em café, mas aparentei.
Com o café tenho uma longa e profunda relação. A minha mais longa e duradoura relação de amor. Não sei quem é o homem ou a mulher ou se a relação é homossexual. Lembro-me que desde miúdo a minha mãe me tirar a chávena da boca e de me flagrar a tomar café. Não era bebida para a minha idade!
Trata-se mesmo de uma relação amorosa, com ciúmes e tudo. Quem me lê sabe o quanto aprecio vinho. Pois, vinho e café na minha boca não se dão. Engalfinham-se e zangam-se os sabores em que nenhum se valoriza nem elogia o outro, mas apenas se prejudicam.
É evidente que há cafés que gosto mais e outros menos, mas não tenho opinião se prefiro as variedades arábica ou robusta. A arte está no fazer dos lotes, isso ensinou-me o Raul, que é o pai da minha primeira namorada. O Raul e a Rosinda tinham muitos cafés, de vários tipos e muitas proveniências e deixaram-me de brincar de alquimista uma vez que lá jantei. Na casa da Rusa iniciei-me na feitura dos lotes e fabriquei duas beberagens intragáveis. Já nessa época bebia sem açúcar para melhor saborear o amargor. Aprendi mais sobre café com a família R do que nos livros.
Não sei se aconteceu a mais alguém ou se é sina de família. Aconteceu ao meu pai e a mim: bebedeira de café. Aconteceu-me três vezes, quando bebi 16, 15 e 13 bicas. Garanto que é do pior. As pernas tremem, os braços bamboleiam, os músculos parecem não querer corresponder ao mando, há algo que falha à vontade e tudo com uma enorme lucidez. Ao mesmo tempo dá-se uma espécie de ressaca. É horrível.
Ultimamente andava mais calmo e não passava das seis bicas, mas os médicos cortaram-me a direito: zero! Nem um café. Nem unzinho! Um horror! Resisti, é claro! Felizmente não é vício. Ando a beber imitações com sabor químico... descafeínados. Enfim!... Recentemente deram-me uma feliz notícia: um ou dois cafés por dia já pode ser. Uf! Por isso, digo: Só mais um cafézinho, preciso do que eu quero...

Nota: Este texto é dedicado ao Turco, porque o texto é todo verdadeiro e real (ai do gajo que se meta comigo outra vez), ao Guillaz, porque a frase «só mais um cafézinho» é inspirada no refrão da canção «Mata-me de novo» (ando tantas vezes a cantá-la), que é da banda do miúdo, que me dá muito prazer ouvir, à Rusa, à Rosinda e ao Raul, pelas boas recordações.

7 comentários:

Anónimo disse...

Adorei este texto. Pois também eu adoro café sem açucar, mas por incrível que possa parecer não suporto, doces de café, gelados de café e outras miscelâneas com café...gosto de café-café e pronto! E já agora adoro os Da Weasel..."Mata-me de novo
Só mais um bocadinho
Preciso do teu KÊÊÊÊÊ
Só mais um bocadinho"

João Barbosa disse...

pois, mas mais do que das Doninhas, gosto muito do Guillaz. É um tipo ***** e um dos meus maiores amigos, apesar de ainda não me ter vindo visitar ao blog, o canalha.

perdida em Faro disse...

Meu deus!!!! Com letra minuscula é claro! Só para dizer que quem me conhece e não fosse a qualidade da escrita iria pensar que este texto seria meu. TEnho uma imagem de um café...tenho um texto que é mmmmuuuuiiiiiittttttooooooo parecido..e o mesmo amor pelo cheiro e pelo sabor e é também proibido pelas autoridades médicas mas consumido pela minha autoridade. Hoje em dia também só dois (há dias que me armo em parva a vão três). SEm açúcar e de Verão com gelo como a minha vó africana me ensinou...
Café...mais do que amor, para mim é um vício.

perdida em Faro disse...

Ah! Também só gosto de café café...nem com leite nem variantes de café...

Folha de alface disse...

tem graça q já tinha pensado escrever sobre o café. qualquer dia.

João Barbosa disse...

:-)

Anónimo disse...

Eu lembro-me da fase das 14, 15, 16 bicas. Tive saudades do cafezinho em frente à escola secundária, ai o que tu fazes! :)