Às voltas toda a noite sem saber. Quem me dera ser hipocondríaco para ter uma doença de que me queixar. Dei voltas e voltas e mais voltas e voltinhas e insónias.
Tal como agora que tombo de sono e dou voltas e mais voltas e voltinhas e não sei o que mais fazer para me manter acordado. Lembrei-me, num repente, duma coisa para me queixar quando não tiver nada para me queixar: O duodeno.
O duodeno vai ser o meu bode expiatório! Vai ser responsabilizado de tudo o que de mau ou menos bom me acontecer. Não sei para que serve e não sei onde está, por isso não tenho qualquer sentimento por ele. Nem de afeição nem de repulsa. É a vítima ideal. Se as crianças têm amigos imaginários eu tenho um inimigo imaginário, que é responsável por todos os meus mal-estares e indisposições. A culpa é do duodeno.
Mesmo a falta de inspiração pode vir a ser atribuida ao duodeno. Quem me garante que não há vísceras móveis no corpo? O duodeno pode passear-se por mim a dentro e atacar o cérebro! A culpa da minha insónia perfurante é do duodeno! A minha inquietação sonolenta é do duodeno. Não sei onde fica o duodeno, nem tenho razão de queixa. Assim, é mais fácil culpar.
1 comentário:
Ainda bem que existem duodenos, por ai espalhados, aliás cada pessoa tem o seu...e sem o qual não pode viver. Dai a importância do mesmo! É uma coisa que faz parte de nós, temos de purgar as nossas culpas em alguém, não acha?
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