digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sexta-feira, abril 07, 2006

Sem saber do duodeno

Às voltas toda a noite sem saber. Quem me dera ser hipocondríaco para ter uma doença de que me queixar. Dei voltas e voltas e mais voltas e voltinhas e insónias.
Tal como agora que tombo de sono e dou voltas e mais voltas e voltinhas e não sei o que mais fazer para me manter acordado. Lembrei-me, num repente, duma coisa para me queixar quando não tiver nada para me queixar: O duodeno.
O duodeno vai ser o meu bode expiatório! Vai ser responsabilizado de tudo o que de mau ou menos bom me acontecer. Não sei para que serve e não sei onde está, por isso não tenho qualquer sentimento por ele. Nem de afeição nem de repulsa. É a vítima ideal. Se as crianças têm amigos imaginários eu tenho um inimigo imaginário, que é responsável por todos os meus mal-estares e indisposições. A culpa é do duodeno.
Mesmo a falta de inspiração pode vir a ser atribuida ao duodeno. Quem me garante que não há vísceras móveis no corpo? O duodeno pode passear-se por mim a dentro e atacar o cérebro! A culpa da minha insónia perfurante é do duodeno! A minha inquietação sonolenta é do duodeno. Não sei onde fica o duodeno, nem tenho razão de queixa. Assim, é mais fácil culpar.

1 comentário:

Anónimo disse...

Ainda bem que existem duodenos, por ai espalhados, aliás cada pessoa tem o seu...e sem o qual não pode viver. Dai a importância do mesmo! É uma coisa que faz parte de nós, temos de purgar as nossas culpas em alguém, não acha?