digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sábado, abril 01, 2006

Onde moro

Moro numa rua que tem o Sol a bater à tarde, mas não sou daqui. Vim de outra parte e se pudesse ia-me já embora. Não sou de Lisboa nem tampouco português. Não vim de Marte. Sou de todo o Universo e ele é todo meu. É toda a minha casa. Nela não moro sozinho. Vivo com muita gente. Não há um único espaço que esteja vago. Porém não se sente a multidão.
Há buracos negros que sugam as coisas de um lugar e as esmagam dentro de si. Mas só a matéria. As coisas não vivem. São trastes. São feitas de plástico, de terra, de ar e de água. Os buracos negros não matam as almas. Mesmo dentro dum buraco negro há gente divertida. E também gente deprimida.
Como já disse, eu não sou de cá. Estou de passagem entre um lugar e outro. às vezes sou redondo, outras sou estreito, homem e mulher. Mas não sou só eu. A minha casa está cheia e ela não é só minha.

2 comentários:

Anónimo disse...

Mas é a tua casa... só faz sentido contigo lá. Gosto de saber que também há gente divertida nos buracos negros. Um beijo grande.

Anónimo disse...

e se a tua casa em vez de buracos negros tivesse buracos coloridos,provavelmente viverias dentro de um arco-iris,e assim terias a certeza de caminhar até ao infinito.