Lobisomem não é mau, está apenas enganado quanto ao certo e ao errado. Disse-me uma vez, uma voz, que não há ninguém mau, apenas gente equivocada.
Já é tempo de perdoar aos lobisomens, mas muitos ainda não sabem o que fizeram. Os lobisomens andam por aí, passeiam pacatamente e talvez nesta vida nunca cheguem a atacar. Mas já atacaram noutras! Há muitas pessoas que insistem em lembrar as faltas dos lobisomens. Nem vêem que podem ter sido lobisomens.
Um lobisomem não é sempre um lobisomem. Só o é quando tem o mal dentro de si e se veste de bem para depois atacar. Só aí é lobisomem. O falso pudor, a má-fé, a traição, a máscara e o fingimento são algumas das artimanhas dos lobisomens. Um lobisomem uma vez não é sempre lobisomem. Nem mesmo numa só vida. O arrependimento redime-o.
Os lobisomens também se apaixonam. Embora um lobisomem apaixonado seja mais ridículo do que um anão de farda. Um lobisomem é, principalmente, um desgraçado, porque vive do medo e dos enganos. Mal seja descoberto e ajoelha-se pedindo perdão envergonhado. Na verdade, o lobisomem merece orações.
Eu já fui lobisomem. Agora tento não ser. Dei tanta dentada e traí quem amei ao ponto de matar. Fiz feliz a crueza e o ciume e alegrei-me com o fogo e o choro desesperado. Desapareci nas noites e arrastei gente pelos cabelos. Depois vi a triste figura em que me tornara. Agora sei que quem vivia de rastos era eu, escravo duma voragem doentia. Tenham pena dos lobisomens e rezem por eles. Não são maus, andam apenas enganados. Sei do que falo, já fui um deles.
1 comentário:
Sei o que sentes...também eu já vesti a roupa do lobisomen.
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