A mulher

Acho que gosto duma mulher. Não sei se é ou virá a ser a mulher da minha vida. Acho que gosto dela. Estou a descobri-la. Tem encantos. Por enquanto, só tem encantos. Terá defeitos, mas, por enquanto, só tem encantos. Lembra-me vagamente todas as mulheres que amei e várias outras que admirei. Tem as mãos da Maria, a pele da Genoveva e a delicadeza da Irina. Fala suavemente como a Marta, muito pausadamente. Tem o sentido de humor da Teresa e os olhos da Catarina. O rosto é amendoado como nenhum outro e tem um leve aroma a maçã e não é do perfume... quanto muito será do creme. Ainda não a beijei para saber com quem se parece. Tem um nariz de quem sabe o que quer e de quem manda como a Paula e toda ela é doçura derretida quando se lhe fala com voz terna... como acontecia com a Isabel. O corpo lembra-me o da Margarida, mas é mais alta e menos afectada no gesto. A inteligência é pontiaguda como a da Ana e já o sentido prático, o de oportunidade, é tal e qual o da Graça. Espero ser correspondido neste meu afecto e encantamento! Logo eu, que me prometi novamente virgem!... ou pelo menos casto. Acho que gosto duma mulher que me lembra todas as mulheres da minha vida, por isso não se parece com nenhuma.