digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sexta-feira, março 27, 2015

Dor de corno de nós

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Conversando, ouvi-o:
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– Sabes o que é a solidão do amor mal feito? Do amor feito sem razão, amor de despeito, amor de vingança, amor frívolo, amores de remorsos. É uma dor, várias dores….
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Perguntou-me:
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– Nunca te sentiste enganado?
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– Enganado por ela – a ela desse momento?
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– Não era isso, mas diz, que já pergunto melhor.
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– Sei que me enganaram. Acho que nunca soube e das que soube… nem tinham importância.
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– Não sofreste de ciúmes?
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– Sofri muito… por infantilidade, insegurança sem razão. Magoei.
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– Nunca te sentiste enganado por fazer amor?
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– Percebo… acordar e pensar por que estou ali ou por que está ela aqui ou por que estamos ou por que como foi possível… Sim, infelizmente sim. E infelizmente mais vezes do que gostaria. Nem como experiência vale a pena.
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– O que fizeste?
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– Fiquei melancólico, outras vezes nostálgico, outras sentindo-me traidor – mesmo não tendo ninguém, mas porque amava alguém -, outras por saber que foi por causa do álcool e aí dói-me mais… e cansa-me só de pensar no que poderá ela pensar – o que quer que seja…
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– Uma merda!...
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– Essa merda não é amor.
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– Preferes chamar-lhe… sexo?!
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– Não. Sexo é divertimento.
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– O que dizes que é?
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– Engano. Só o engano leva ao desengano… o ciúme abstracto, o acto com alguém estando com outra, ou tendo a outra na cabeça… o acto pelo acto, por vingança… ódio ou rancor não podem ser sexo e muito menos amor.
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– Engano?
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– Engano.

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