Os poemas de amor não têm pressa. Ainda agora cheguei e já estou sentado com o livro nas mãos, mas não o abri. Tenho os dedos enfiados entre folhas. À sorte. Ao azar. Ao acaso, para ver o que me sai. Vai ser o poema mais bonito, o mais certeiro. Porém não tenho cabeça para ler agora um poema de amor e prefiro não o estragar. Só o quero assinalar.
Os poemas de amor não são rebuçados. Não enjoam e por isso não se trincam, não se podem engolir. Podem doer e amargar. Precisam de tempo... todos os poemas precisam. Precisam mais os de amor.
Não são mais fáceis, nem de escrever nem de ler. Não têm pressa os poemas de amor. Estão lá, mesmo que fechados na escuridão dos livros. Tenho os dedos a marcar ao acaso o meu poema de amor. Não sei qual me sairá e temo que vá sofrer. É a minha sina, porque também sofro no amor. Será esse o meu poema e não tenho pressa para o ler.
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