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Quando tanto faz. Quando não tanto faz. Quando depende,
sobretudo quando depende. A prisão da sensatez, o castigo da consciência e
penitência dos consensos. Vida tola.
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Quando o vinho nos faz toureiros, não forcados. Quando cantamos
mal e sabemo-lo. Quando os filhos vão ao frigorífico e fazem o pequeno-almoço. Quando
o gato é velho e o cão dorme.
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Quando andar à chuva não é ócio. Quando andar à chuva é fuga.
Quando na rua a luz da noite não finge um tempo antigo. Quando se deixam de
ouvir os passos. Quando se pensa.
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Quando a televisão é canção de embalar. Quando o sofá é
berço. Quando ninguém aconchega a roupa. Quando ninguém diz:
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– Tem sonhos cor-de-rosa.
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Quando ter sonhos cor-de-rosa é bom. Quando ter sonhos
cor-de-rosa não alveja a heterossexualidade. Quando se tem saudades ao
adormecer.
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Quando o cansaço. Quando a vigília é obrigada. Quando se
contam os amigos afastados de anos. Quando num ligeiro sorriso, um ponto e
vírgula conta o que se desejou esquecer, um suspiro traz os cruzamentos e os
passos enganados.
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Quando fora do sonho se sabe voar dormindo, o peso do corpo deitado
quieto. Quando andar de avião é uma chatice.
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Quando, sem acne, se pensa na vida. Vida tola.
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