digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

terça-feira, julho 31, 2018

Aumentando-reduzindo

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Os dias de amparo e sensualidade são sempre atrasados.
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Hoje chorei duas vezes. Talvez ontem tenham sido mais. Daqui para trás – até nem sei quando – não houve um sem gemido meu.
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Não me arrependo. Foi água desafogando a tristeza. Deste jeito se percebe que de alegria.
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A saudade resseque-me. Chegado um novo dia, aporta-se-me a benevolência de amor.
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Cada dia que passa é menos um dia para a chegada da claridade.
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A alegria de te ver chegar.

segunda-feira, julho 30, 2018

Floresta de atrapalhação do dizer

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Por que amor é tão fácil de dizer e.
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Dito sentido.
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Não, não quero. Não quero glosas vizinhas do chão. O tédio vazio, circunstância costumada na vez da habitual maravilha. O amor alimenta-se. É faminto como o dragão e macio como uma cria.
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Não quero engravidar textos com palavras faladas como eco. Desejo as vitórias sobre os desânimos. Alcancemos os sorrisos, leve isso um instante ou até ao dia de passar. Por lá continuando esse amor como emergência.
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Ninguém diz como tu. A tua boca consegue tudo e tudo dá. Procuro ser quem. Dir-me-ás.
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Somos as liberdades das prisões consentidas e seremos as fugas do borralho do medo-grilhão.
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Sabes que vejo além e não constato – é o olho e a ferida. Contemplo só os dois.
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Só nós os dois testemunhámos em jura. A expressão da confiança e do devido. Não há privilégio no amor, nem graça. Primeiro-último: vontade-esforço e mercê-vitória.
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A querença é legítima, e as ilegítimas. Conquista sem razão é decadente, perdendo-se nos prazos da aceitação.
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Assim-lhes-seja. Dirão o mesmo, sem terem. Rabiando, bichas de próprio-equívoco-veneno.
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A tal estrela, de que te falei, está onde sempre. Épocas sem a vermos, por distracção e por rapina.
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Como roubar o que é nosso? Nunca se rapta o devido – digamos sina, pronunciemos carma, garantamos livre-arbítrio – e nada é coincidente-acaso. O nosso é nosso.
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Finalmente. Brilhou-me – por causa do castigo-remédio da vidência que carrego – para to poder dizer.
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A luz é e o seu odor é a mezinha chegada na especiaria, sacodindo esses agarrares ilegítimos.
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É a vitória.
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Mostrei-te o pontinho. Se vi antes – lá sabem – dividi, o nosso e a estrela cresceu e crescendo-cresceu. O nosso, é a glória.
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Sentiste-a viste-a e aceitaste-a, tudo o exigido sem imposição. Emancipação.
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Tantas estrelas. Uma é nossa.
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É difícil dizer do amor. Onde se está no patético e na vergonha e na timidez, do perder tempo.
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Quase fugi das glosas vizinhas do chão.
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O que disse? Mercadorias em frenético assombro de poesia. Ditos desenxabidos, cinzentos acerca do rubor do amor.
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Peço-te – porque me amas – não digas que me adoras. Afirma que me amas.
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Vejo-sinto mais luz no amor do que na admiração.

sexta-feira, julho 27, 2018

Além do Sol assim todos os dias


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Depois de todos, mais da soma de todos, o superlativo do amor é o amor que tenho por ti, pronuncia-se Ana todos os dias, e todos os dias renasce sem ter tido fim.

O rio triste à foz

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Rio triste, a cada gota indo chega outra em flor, luz de caminho, flor-da-luz, derramando-se de eterna.
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O monólito de carbono enternece-se e nos soluços do caos alegra-se para o sacrifício de mercê e graça, sorriso involuntário-autêntico no espelho de cintilação.
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Da pedra grande se faz o navio, inencalhável e de garantido, navegar até à foz.
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Cada saudade abandonada no leito é semente da alegria que chegará da morte da saudade.
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Cada minuto passado é outro chegando e indo haverá aqui, onde a viagem começou e terminará.
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O abraço da chegada é maior se – como assim se encavalitasse na cegueira do desejo – juntar o tumultuo do riso em glória.
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Na glória se apaziguará a tristura.
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Morrendo a inquietação pelo esclarecido amor vindo pelo rio triste tornado vida.
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O rio triste vindo ao seu oposto e assim o é.

quinta-feira, julho 26, 2018

Flor de Luz


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– O que é a luz?
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– Perguntas-me e olhas para mim?
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– Diz-me.
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– …
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– O que é a luz.
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– Olhando os teus olhos. Vejo-te um jardim, onde o brilho conta apenas alguma coisa. Não sei explicar.
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– Isso não me diz sobre a luz.
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– É o que sinto. Aliás, pressinto.
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Pressinto porque é como te sentisse um anjo. Alguém resgatando-me do mundo onde não gosto de viver.
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– O mundo é só um.
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– Fazemo-lo.
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– ...
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– O meu mundo faz parte do mundo…
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Não sei se gosto do meu mundo.
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Não sei se gosto do mundo.
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Não sei se gosto do meu mundo no mundo.
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– Isso não responde à pergunta que te fiz…
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– Como assim?...
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Não esperava que respondesse.
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– O que é a luz?
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– Não sei.
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– Sabes. Sabes.
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– Não entendo.
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– Perceberás!
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Fecha os olhos. Pensa no que, assim de repente, te chega como o mais belo.
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– …
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Não vejo nada…
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Vejo flores.
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– Como são?
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– São muitas.
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– Não são.
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Olha-as bem.
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– Realmente!...
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– O que vês?
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– Cores. Todas quase iguais.
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– Entre elas há alguma vendo-a diferente?
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– Sim. Há uma.
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Uma só.
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– Como é essa flor?
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– É de luz.
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De calma. De serenidade.
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– Disseste de luz.
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O que é a luz?
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– …
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– O que é a luz, agora que vês uma flor de luz.
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– Sinto um inexplicável…
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– A luz é o amor!
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Amas-me?
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– Muito. Como nunca amei ninguém.
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– Essa é luz é a do teu amor por mim.
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Essa luz é a minha felicidade contigo.
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– És a luz?
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– Não. Sou o teu amor.
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Sou a tua flor de luz. Uma flor só tua e, por isso, também única, sem par ou parecença com outra.
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– És uma flor?... És uma flor.
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– …
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– És a flor de luz.
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Percebo a luz de que falas e de quem és.
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– …
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– Amo-te até onde um homem pode amar.
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– Tu és o meu amor. Dás-me luz.
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– Brilhas-me sem sombra.
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– Amamo-nos. Isso é luz.

domingo, julho 22, 2018

Copas


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Não jogamos com o baralho todo!
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Apenas com as copas.
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Aliás, aqui todos somos diferentes.
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A Rainha é Flor de Luz, deslumbrante de bondura, isso de bondade e ternura, e de beleza.
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Não é segredo… A Rainha deixa-me de cabeça perdida…
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Depois há um Alguém Especial. Superlativo de tudo bom.
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Rimos mais do que um Jóquer em desvario!
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Nota: o Valete é um desenho de Salvador Dali.

Por que amor


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Por que escrevo de. Por que escrevo por ela. Por que só posso escrever por ela? Posso escrever algumas palavras que não as unam? Posso escrever algumas palavras que não as unam.
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Isso interessa?
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Estou numa casa repleta de horas. As paredes estão brancas, já o foram – gastou-se-lhes os dias.
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Estou sozinho. É por estar tão longe que a sei perto. Se estivesse mais perto, estaria ainda mais perto. Estou sozinho e perto, no penar da saudade.
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Uma casa vazia não é uma casa vazia. Nela temos o que nos temos. Somos coisas, afectos e memórias. Nesta nunca me feri como noutras.
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Aqui amo-a e por ela amo mais toda a gente desta casa.
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Aqui nem tudo foi de azul – a tal cor de além cor. Escorreram-me lágrimas, sim. Mas. Não vi abatimento nem fonte vertendo e muito menos abatimento-fonte-lâmina. Aqui vivo. Vivo com quem amo, dando-me o tudo importante.
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Lá vem a pieguice.
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Não vem.
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Fazer amor não é piegas. Amar doutra forma para lá do sabido. Nunca! Uma das palavras proibidas, porque se falharem – falham sempre – são catástrofes, é verdade. Não duvido. Se duvido, estou errado.
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Faço amor e não sei como dizer plenitude. Amo-te é maior ou menor do que adoro-te?
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Não sabemos. Por isso, os lençóis têm de se amarrotar, de se encharcarem de nós, de nos fixarem os odores. Amo-a ou adoro-a. Ela o mesmo. Importa isso?
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Importa, porque essa discussão não tem fim. Inversamente a outras divergências, não há dicionário nem calhamaço nem sebenta definindo. O meu corpo-cabeça-alma-boca precisa de saborear o seu corpo-cabeça-alma-boca.
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Para ninguém se rir por vantagem – aquela teimosia como a das crianças e dos velhos – ela também quer com o seu corpo-cabeça-alma-boca apurar do meu corpo-cabeça-alma-boca.
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Houve uma quarta-feira. Tanto faz o dia ou qualquer tempo. Dia do milagre da revelação, quando o presente é de futuro e docemente arruma o passado.
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Por que escrevo de. Por que escrevo de?
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Não sinto – não sei – o que mais arrumar de palavras e gramática e assassinatos de língua. A língua que amamos, com que nos amamos e trocamos de boca e de corpos em plenitude e explosão.
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Aquela quarta-feira é eterna.
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Por aí, nesses refúgios-caverna, senti tantas coisas. Chorei por tantas coisas. Desfiz-me indevidamente por tanto. Mas esta, sem o negrum das outras casas… Esta casa branca tem-me tendo-a e ela a mim.
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Não sei por que mais escrever. Não sei por quem poderia escrever.
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Chama-se amor.
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Amo-a.
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Se basta? Não! Se bastasse não seria amor.
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Amo-a.

Nossa vida-casa-vida é um castelo de afecto


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As cartas foram postas na mesa e a vidente contou quase tudo do tudo ou tudo de quase tudo ou quase tudo de quase tudo. Pelos dias, veio à luz o que contou por vereda complicada e complexa.
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Desenho de Salvador Dali.
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Rainha de Copas e Rei de Copas – encavalitados por Valete de Copas. Cortando-os para raptar afago, Rei de Espadas e Rainha de Espadas – arrastando uma Sena, triste e eufórica por mesquinhez.
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Somos de coração. As Espadas são de invejas. Um coração negro com pedúnculo é o braço que prende a lâmina, brandindo melodiosamente os quereres.
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Pintura de Normal Rockwell.
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O nosso baralho tem 13 cartas, dir-se-á um naipe. Para quê mais? Não vamos jogar noutras mesas. Ninguém é diferente, porque somos diferentes – tomamos ainda as quatro gatas, a cadela e o cão.
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Como maçam de comichão, as pulgas atrapalham e nada de valor nos trazem. Outros bichos vivenciam amargamente a nossa felicidade. Essa glória é ruim para quem a inveja. Do inventário – por segredo dos que urdem malfeitorias de inveja e de malícia – poucos se sabem, tanto do além-espírito quanto de aquém-corpo, embora conhecendo Rainha, Rei e Sena.
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É gente de sofrimento. Por despeito de ânimo-coração-calor e ganância-carne-libidinagem, ela cega e ele surdo, ambos por convicção ateimante. A Sena é um espalhafato de ingratidão-petrificada. Unam-se e conjurem, sabendo nós que a confiança alimenta a vitória.
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Gostam-nos? Desgostam por a vida não seguir os seus caminhos. Desgostam-se, então. Quem exige assim sente dor – por abusadora injustificadamente e aflição indevida, bastando-lhes a aceitação e a benquerença.
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Não passam de três cartas de mão, balbuciando intrigas, esperando repetidamente pela leveza do sono para que lhes enforteça o querer e o acerto – até de olhos bem abertos dedilham instrumentos de fazer veneno. Quem esvoaça fala mais, liberto do corpo, preces de peçonha e do seu corpo etéreo assalta-nos a confiança com cizânia.
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Quem de alma de pedra-metal – granito e chumbo – não tem olhos que alcancem remotamente ao seu querer. Por cinismo, os outros dois ensombrecem as suas virtudes – de brilhar de méritos. Não se é ladrão quando não se visa tirar tudo. Beleza que, a exigência da cobiça, ensombrecem, pelas insolências, discordando e cantando letras falsas.
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Certos da ovação, beijamo-nos como fazendo amor e fazendo amor beijamo-nos.
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Ele de cabeça-perdida, toda em beleza de tudo, de corpo e luz, índole leve de quem subiu e com chama-piloto ensinando o rumo.
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Ela de cabeça-perdida, porque só uma cabeça-perdida se deixa perder por uma cabeça perdida.
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Cá em casa faltam Ouros e vamos despejando a casa dos Paus que nos estorvam as situações. Nem as baralhamos nem queremos. Só Copas. Não amamos com o baralho todo, assim devem ser os amores. Digamos loucos, como desejamos bem-ser.
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Livres por não prendermos, aprisionando-nos na liberdade.
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Aqui-aí somos Rainha, Rei e Valete: já agora sejamos como na sueca, temos a Manilha e o Ás. O Jóquer não faz parte do baralho, mas alegra-nos.
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Domingos


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Há os sábados que vêm antes dos domingos e domingos que sucedem a domingos, porque a normalidade da emoção nem se parece com a rotina do tempo.
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Quem espera conhece o espaço e o tempo e como é custoso ser-se longe e estar e num sítio qualquer.
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Dançar anima e dançar sozinho desanima – ou então se os passos e voltas sós fiquem junto duma respiração amável.
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Ainda assim… a vida é bela!
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Ou assim… a minha vida nova é bela!

sábado, julho 21, 2018

Não amava assim longe e aqui vindo e indo lá


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Certo como nunca e amando tão longe. Olhei para o mapa e não vi se iminente ou remoto o bailado.
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Não percebi. Juro que não. Não entendi olhando para o mapa.
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Após o susto, encontrei.
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Fiz contas, tão erradas como qualquer coisa – seja por estrada, atalho entre cumes, valadas e rios.
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As contas estão sempre erradas. São enganadas, por natureza. Fiz, pois, adições, já malfadadas à saída. Juntei percursos optimistas, como se querendo convencer-me de que o distante fica ali.
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As contas – nunca ajustadas – falaram-me em mil seiscentos e trinta e um (1631) quilómetros. Se o mito do andar impõe que em cada hora se façam cinco (5) quilómetros, serão trezentos e vinte e seis (326) horas até a essa linha do terminar da romaria. Digo eu que, de aritmética e ginástica, sou quase virgem.
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Quanto aguentaria a peregrinar? Se corresse? Se corresse seria mais demorado – a idade e os danos da preguiça nos músculos dariam um passeio de alguns metros.
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São outros somatórios. O que faria se me pusesse sobre a estrada? Se andasse somente a ortodoxia dos metros e do tempo.
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Fácil, não é?! Raispartam as contas, que nunca acabam.
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Quanto aguentaria eu? Dormindo oito (8) horas, descansando quatro (4), andaria doze (12) horas de sol-a-sol. E, sendo em dor realista, a carreira seria de seiscentas e cinquenta e duas (652) voltas de relógio.
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Até ficava nos vinte e sete (27) dias – as contas estão sempre ensarilhadas, sabe-se. Até estas, pecando insuficientes.
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Tão tarde, que melhor ficam os meus passos por cá e os do meu amor dançando por lá.
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Para quê se não se dançam as estradas nem a dança tem outros passos que não os seus?!
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Ah! O nosso amor é tão certo que qualquer beijo alcança os outros lábios ainda antes de abalar – quem tenha ficado em mistério, a rota de Lisboa ao salão duma quinta de Gennetines é uma vereda, percorrida no momento da carícia.
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Reconheço que me tornei atleta, coxo de aritmética, mas amando, em suspiros, no meio mês que me aparta da Flor de Luz.

E por que não?

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Pelo corredor o ranger dos gatos.
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Andar quase silencioso como os gatos.
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Quase invisíveis como os espectros.
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Na verdade na carne e no espírito conjura-se. Por tanta coisa e contra nós.
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Sobretudo de lâminas contra nós.
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Recusamos no alerta do nosso amor e do afago de quem nos quer bem.
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Revezam-se no açoite. Acordamos da noite e do dia – transpirados de agonia, sonhando das lutas e dos debates.
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Mas vivendo-nos como sabem os justos de causa.
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Por nós rezamos porque o amor é nosso.
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Por eles rezamos pela sua paz e a nossa distância.
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Que lhes caiam as invejas da posse e da luxúria.
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Lembramo-nos.
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Porque sabendo da sua persistência…
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E por que não?
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Que se juntem e unam.
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Dando-se ao outro aquilo que querem.
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E que não queremos receber.

sexta-feira, julho 20, 2018

A quarta-feira é como uma oração


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Hoje não nos beijámos.
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Ontem não nos beijámos.
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Houve o amor de quarta-feira.
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Eterno, cheio e único na cama dos dois.
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Ímpar sempre para os dois.
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Só por isso, como se nos restasse só essa certeza, o amor de quarta-feira basta-nos.
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Nem que seja só por isso, cada ambicioso terá de fumo os seus anseios.
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De todos os infames, até os dois maiores serão das suas tristezas..
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Porém, não se findam.
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No silêncio do segredo, na escuridão, alimentam a ânsia de nos ter.
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Um quer amor eterno.
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Outro teimará nos cortejos, procissões pela luxúria.
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Pela nossa confiança do amor, as suas cobiças serão ruínas definhando.
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Arrojem maus-olhados, cada pedra será do nosso castelo. 
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Que queiram os nossos corpos, por teimosia e despeito, este nosso amor é além-túmulo.
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O amor de quarta-feira são dois anjos de sentinela.
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Nunca fizemos amor como na quarta-feira.
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Nem eu, nem tu, nem nós.
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Só isso, nem que tivéssemos apenas a quarta-feira, esse dia basta-nos.

segunda-feira, julho 02, 2018

Ah!


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És a sensualidade das princesas e o fogo do sal marinho.
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Ninguém sorri completamente – apenas.
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Ficas no êxtase abundante do segredo que te conto.
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Deixas verter a pele, saciando-me. Estou sumo e suco, como tu.
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Ninguém conhece a tua doçura e a temperatura calma – como tu quando me apertas!
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Só nas mentiras dos contos milenares há tamanha enxurrada e um amor superior a este.
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Tens a boca fervendo, guardando-me
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Tens a boca fervendo, guardando-me. A perfeição de ir e regressar, mergulhando e subindo. O toque subtil, tempero de sal picante, puxando-me para o desvario.
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Tens a boca fervendo, guardando-me, submisso e soldado, nas linhas perfeitas da folha de louro.
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No fim de tudo – mais do que o fim do mundo – morremos felizes.
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Retornamos tudo o que nos.
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Ah!
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Nunca fizemos amor num jardim.
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