digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quarta-feira, outubro 31, 2018

Flores

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Pétala a pétala a pétala e a pétala. Pétalas-me a pétalas-me a pétalas-me e a pétalas-me.
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Já nus, olhando-nos, cantamos em conto as pequenas folhas de malmequer e bem-me-quer, sabendo da vida o prazer.
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Sabendo, sabor e sabedoria, vamos. Entende-se, onde fomos e iremos sempre que.
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Vendo-te, ui. Vendo-me, ui.
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A vida é assim vai-e-volta.
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Dessa maneira aiando, naquela dor do prazer, do que somos em todo, abraçamo-nos.
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Quando o calor interior arrefece na pele, o beijo-ponto-final. Ainda esperando saciados esperando, o beijo-reticências.
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Etecetera. Etecetera e tal.
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Pétalas-te a pétalas-te a pétalas-te e a pétalas-te. Pétalo-me a pétalo-me a pétalo-me e a pétalo-me.
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A vida vai e volta, daquele antigamente ao iremos até onde, assim também em vai-e-volta.
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Pétalar, cola de unir e consolar.

sexta-feira, outubro 05, 2018

Assim politeísta


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Adoro a Deus.
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Amo-a.
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Adoro batatas fritas.
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Tragam-me maionese e, devotamente, como-as.

Onde se deixa


Alguma vez disse que não te amava.
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Quando não se, é porque.
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O coração é, vindo e daí.
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As pessoas levam a vida demasiado.
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Quem se aborrece por pouco, estará quando for.
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Os esquecimentos do costume.
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Desleixo de leviandade.
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Leviandade do desleixo.
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Tenho não dito.
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Faltando, o é – não sei.
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Talvez no final do mês.
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Um dia para.
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Alguma vez disse que te amava.

Estações

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A árvore do Inverno acolhe-me na ramagem, para o frio ser fora e anteparando-me da água.
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A árvore da Primavera alegra-me pelas cores das flores dizendo promessas e os animais falam.
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A árvore do Verão sacia-me com seus frutos e sob si há a sombra.
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A árvore do Outono concede-me descanso e visto-me como se fosse eu alguma das suas cores.
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As quatro são uma e a sua luz é a claridade dos dias passando e eu ficando junto sem querer ir.
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Sob a sua vida, sou a parte da terra.
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Sou a Terra a que se deseja segurar.
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A árvore é uma luz que chega do céu.
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Que me leva onde.
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O amor não precisa mais.

quinta-feira, outubro 04, 2018

Angústia


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Na noite de desassossego é noite. Vezes de muitas noites. O tempo não se move e hora a hora se vêem as horas e passou uma hora. Insegurança dita perfurantemente. A noite não acaba. Pela manhã, incomodidade, porque a noite.