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À janela como num espelho de Magritte, o tempo é irrelevante
no lugar, quieto de província, onde o comboio já não passa. O pequeno viaduto
com cheiro antigo é a preto e branco.
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A cidade abandonou-se e à noite é deserta como de dia. Os alcoólicos
bebem e não se fazem perguntas. As ruas sem papéis, reconheço-me no espelho e não
me conheço, como a solidão de Hopper.
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Há uma praia de Inverno, a sua areia cristalizada quebra-se
sob os pés e até o mar é diferente.
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Sou de penumbra e névoa, cinzento e invisível, lusco-fusco de
entardecer e madrugar. Sou revolução de sal e areia arremessada sem horas.
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Sou um navio imperfeito esperando uma maré.
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Aí, a poucos minutos da estação central.
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