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Pensei e disse:
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– Espaço e contra-espaço.
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Pensei e percebi que não entendi nem da partida nem do caminho
nem da chegada nem da utilidade. Uns sentem e outros pensam, sem garantias de
préstimo nem de desvio para repouso.
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Pensei e disse:
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– A filosofia e as derivadas da matemática são para as grandes
cabeças.
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Pensei e percebi que não disse nada, porque é redonda e tudo
pode ser qualquer coisa e o seu espelho.
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Pensei e disse:
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– Tenho dificuldade em distinguir o optimismo da
irresponsabilidade.
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É a minha verdade e dela não me desprendo, como açoitado tal
aliviado, há quem acredite e quem me ache tolo.
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Sou tão estupidamente crédulo, não ingénuo, que garanto o oivido:
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– Diz-me quem és e dir-te-ei quem és.
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Pensei e disse:
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– A vida é um intervalo e a morte é outro.
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Uma coisa destas só se diz calado ou bêbado. Ninguém vai
entender e quem o conseguir perguntará mais e pouco serei capaz.
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Pensei e disse:
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– Se a morte, como se fosse.
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Envergonhado desconheço outro adiantamento, não me satisfaz
lugar nem ânimo.
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Pensei e quase não disse:
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– Será demasiado insistir em ser prosaico, suar para que o
não seja e aguentar ter explicar.
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Não disse mais nada nestes dias.
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Nota 1: a palavra «oivido» foi propositada, não é equívoco.
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Nota 2: «L' Infermo» foi rodado em 1911, sendo a realização de Giuseppe de Liguoro, Francesco Bertolini e Adolfo Padovan, sendo a fotografia de Emilio Roncarolo.
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