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Perguntou-me:
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– Acreditas no Céu e no Inferno?... No Purgatório…
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– Gosto do conceito, artisticamente falando.
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– No Inferno sofre-se…
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– Se a vida não tiver sido uma seca.
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– No Paraíso…
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– Dá-me ideia que tanta serenidade… talvez sejamos felizes
num aborrecimento.
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– O Purgatório…
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– O Purgatório não será onde vivemos?
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– E o Limbo…
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– O Papa antes deste fechou sítio… Um outro tinha-o
inaugurado, porque havia um lapso na obra de Deus…
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– Venenoso!
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– Seria giro… imagina o Céu, o Inferno e o Purgatório como
locais onde podemos ir livremente, entrar, sair…
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– …
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– …
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– Então?!
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– Estava a pensar… que vinhos se beberiam…
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– Sim… no Paraíso…
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– Pinot noir.
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– No Inferno?
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– Cabernet sauvignon.
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– No Purgatório?
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– Tantas!... Não quero ofender «ninguém».
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– A touriga franca ficaria?... No Paraíso, porque a sentes
divina ou no Inferno por te endiabrar em folia?
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– Nem num nem noutro sítio…
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– No Purgatório, portanto?
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– Não! No Douro.
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– Hã?!... E a antão vaz?
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– Essa… pedia a Deus e ao Diabo que a desinventassem.
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– Imagino as cenas… alegres folias… benditos néctares dos
diabos, endiabrados vinhos divinais…
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– Anjinhos e suas harpas e liras… Demónios e suas guitarras
eléctricas a estrilhar…
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– Ná! Anjinhos a tocar cornisfesto e diabretes a soprar
rufete.
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– Isso não são castas?
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– São!
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– Ah!
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– Tem a ver… eu acho.
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