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O que seria dos reis se
ninguém sobre eles escrevesse ou os pintasse? Quanto dura a memória e sabendo
que se inventa, recria e se contradiz… quanto?
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O que seria dos artistas sem
reis? Seriam artistas, mesmo sem nada para mostrar, porque esconder e fingir
fazem parte do mesmo, do retrato e da comédia e da subtileza e das laudes.
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O que seria dos eclipses e
dos planetas sem astrónomos ou cientistas? O que seria da vida, da matéria, do
universo sem cientistas?
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Seriam o que são. Mas sem
artistas não seriam memória.
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Por isso a arte é maior do
que a ciência. Um cientista vê matéria onde um artista vê o que quiser, poderá fazer além, aquém ou só isso.
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Podemos viver sem ciência,
mas nunca sem arte.
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Nota: Lisboa, eclipse de
1912.
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