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Logo penso nisso, na doçura dos limões e na sombra das suas
árvores nas manhãs do nada.
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Acordo no nada e sou dez centímetros sobre a realidade, não
sei se por torpor, desencarne ou confusão.
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Sol amarelo no azul claro do fim de Inverno. Prepara-se a
festa e desejo que uma espaçonave extraterrestre me livre da Primavera – cansativamente
adolescente.
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Farto, dificulto-me. Viver-me é cansativo, coração enlatado,
estômago agoniado pelos cheiros, cabeça impaciente – a vida que não chega.
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Sem missão ou fim. Que faço aqui, não faço nada?
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Existo como um entardecer chuvoso, enquanto os candeeiros da
rua se não acendem.
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Penso nos limões e nas sombras dos limoeiros, não me animo. Guardo
para mais tarde.
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As gavetas que se esquecem fechadas têm uma alegria. Aí guardarei
os limões e a sombra.
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Que não me lembre e não procure.
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