digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sábado, março 21, 2015

Caetano Veloso é o Rei Midas – oiça-se a música «Sozinho» em diferentes versões

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A fronteira é uma linha imaginária que por vezes é óbvia. Uma canção pode ser cançonetismo farsola, soul de casa de passe, cólica ou ouro.
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À versão de Tim Maia faltam as bolas de espelhos, as luzes coloridas do lusco-fusco, o chão de acrílico colorido que se acende a espaços, meninas de tranca rechonchuda a transbordar da saia micro e travada de pergamóide, perfume rasca e sapatos altos com plataformas, fingindo cristal ou de escarlate envernizado; putas!
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Sandra de Sá é mais sóbria e sobra-lhe a falta de talento – como é possível sobrar o nada?! Voz feia e potente e ausência de talento interpretativo. Sem julgar orientação sexual – assunto que não arrelia – esta versão aviva-me as lembranças dos bares de camionistas sem pila mas com mais testosterona que uma equipa de rugby, onde fui levado por amigas curiosas ou um pouco mais do que curiosas. O melaço transformado em calhau, um assassínio do espírito da composição.
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Quando Caetano Veloso a ouviu enamorou-se. Descobriu que era Sandra de Sá quem a cantava e encheu-se de desejo. Ao saber que o autor é Peninha decidiu-se a gravá-la e pô-la no seu chou. Teve medo ao descobrir que Tim Maia a adoptara – não percebo o que lhe intimida e agrada no músico carioca…
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A versão de Peninha… dá pena!
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Caetano jogou as mãos à música e como Midas fez ouro. A intoxicação de açúcar e banha de presunto – muito além de qualquer pudim – torna-se em alta cozinha.
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