digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

domingo, julho 04, 2010

Sexo oral


Parece-me que não há palavra bonita para uma coisa tão boa. Mesmo quando mal feita, essa «coisa» é prazenteira, como o sexo oral… aquele em que uma boca abocanha, cabeça e corpo da piça... não sei se se escreve piça ou pissa, mas a coisinha é a mesma e, neste termo, refere-se normalmente ao seu estado erecto.
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Mas o que chamar? Broche é barrasco, tipo cuspir no chão. Mamada não é menos, é alarvidade leitosa. Chupada, acho que nem ouvi, mas padece de falta de gentileza.
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Felácio é uma intelectualização, uma evocação do termo latim – duvido que um professor de latim o diga ou uma académica o faça usando tal palavra. Mesmo querendo ler um livro enquanto o fazem, o alegre beneficiário não conseguirá concentrar-se nas letras ou na boca que lhe torna a piça em chupa-chupa. Não passará de pesporrência intelectualóide:
- Querida faz-me um felácio…
Ou melhor:
- Faça-me um felácio.
Mal se pronunciasse o vocábulo, a parceira perderia toda a tesão para fazer, caso não rebentasse a rir ou a chorar.
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Tomás Taveira, no seu impagável vídeo de final da década de oitenta ou início de noventa do século passado, falava ao telefone enquanto lhe faziam a pregadeira. A avaliar pelas imagens e pelo tom de voz, ou não estava a gostar do que lhe estavam a fazer ou não estava a ligar grande coisa ao brochedo e à chamada.
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A propósito de chamada, no caso a propósito da chamada de Tomás Taveira, há quem lhe chame chamada para Tóquio. A expressão não evoca nada de oriental, mas lembra um título de filme… imaginem um filme negro, com Humphrey Bogart, chamado «Chamada para Tóquio». Parece-me plausível.
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Mesmo pensando num idioma que não é o meu, a coisa não é fácil… blowjob… blowjob? Trabalhinho de soprar? Trabalho de operário vidreiro. Pipe em francês, cachimbo?
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Voltando à língua de Luís de Camões, de Fernando Pessoa e de Herberto Hélder… Quanto a bico… bico? Fruto do aguçar da glande? Coisa piramidal? Angulosa e fria? Bico, não. Não pode. Além de não ter, à primeira vista, grande lógica.
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O tanas, é que não tem grande lógica. Os linguistas que o dizem nunca pensaram na arte da mamada, do broche, da chupada, da chamada para Tóquio, da pregadeira e do bico. Pensemos um pouco: Em galego, nossa língua ou nossa língua-avó, conforme preferirem, bico quer dizer beijo. Ora, o que é uma mamada do que um valente, guloso, sensual e prolongado beijo? Para mim, bico ainda é a melhor solução.
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Mesmo assim, não há palavra ou expressão que diga tão bem o bom prazer. Há falta de melhor, uso as palavras todas em forma de pedido. Já ia um!

2 comentários:

[A] disse...

(http://costurandotoquio.blogspot.com/2010/05/primeiro-bico-no-japao.html)

João Barbosa disse...

ahahahah... fiquei sem perceber o significado da palavra bico no Brasil