
Fico feliz com ameixas, frutos silvestres, baunilha e especiarias. Não é pouco o contentamento quando há equilíbrio e inteligência. Haja alegria e swing!
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Tenho um amigo a quem chamo de Citrão. Citrão é um citrino muito grande, um grande limão. Os limões são bem dispostos e felizes, embora ácidos. Pois esse meu amigo tem por vezes uma acidez delirante no humor, o que muito me diverte. Houve uma altura em que teimava em vestir uma camisola verde, muito verde, que o notava entre os demais. Foi por essa altura e por essa razão que comecei a tratá-lo por Citrão. Tirando a acrimónia humorística, o companheiro é calmo e fixe, parceiro de muitas aventuras e grandes conversas, e ultimamente tem andado a apreciar vinhos, sobretudo tintos. Ora, outro dia surgiu-me lá em casa para jantar e foi-me à garrafeira.
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Na verdade, fui eu quem decidiu o que se iria manjar e o que beber. O acontecimento ocorreu em Agosto, numa daquelas noites que desceram, felizmente, não muito quentes e que, por isso, permitiram servir um tinto mais exigente, daqueles que, por regra, só calham bem quando o Verão já se passou. Ainda assim tive o cuidado de verificar a temperatura e de o esfriar um pouco, para que na mesa estivesse nuns aceitáveis 18 graus.
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Na verdade, fui eu quem decidiu o que se iria manjar e o que beber. O acontecimento ocorreu em Agosto, numa daquelas noites que desceram, felizmente, não muito quentes e que, por isso, permitiram servir um tinto mais exigente, daqueles que, por regra, só calham bem quando o Verão já se passou. Ainda assim tive o cuidado de verificar a temperatura e de o esfriar um pouco, para que na mesa estivesse nuns aceitáveis 18 graus.
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Embora com o ar a temperatura amena, houve atenção com a ementa, para que o pasto não pesasse nas barrigas. Preparei uns peitos de galinha do campo de tomatada com amêndoas tostadas, juntei-lhes fetuccine fresco. Reconheço que ponderei se a refeição teria arcaboiço para aguentar o vinho que escolhera para aquela noite: Cortes de Cima Reserva 2003. A escolha não desacertou, embora o tinto aguentasse e pedisse mais.
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O Cortes de Cima Reserva 2003 não é vinho de todas as vindimas, é um quandocalhário, quero dizer, vem quando calha bem, quando a natureza faz umas piruetas diferentes e as uvas amadurecem melhoradas. Acontece que este tinto é também uma estreia da empresa alentejana. .
O Citrão provou e soltou uma exclamativa de agradado. Eu soltei outra. Estava à espera que fosse belo, mas estava a surpreender-me.
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O Citrão provou e soltou uma exclamativa de agradado. Eu soltei outra. Estava à espera que fosse belo, mas estava a surpreender-me.
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É um vinho com complexidade, onde ameixas pretas maduras e pequenos frutos vermelhos festejam na boca, há também nuances abaunilhadas e de especiarias. É um vinho muito macio e agradável, com muito carácter da planície. Quem gosta dos tintos alentejanos vai, certamente, apreciar este. Feliz por nos sentidos não se sentirem agressões pelos 14,5% de álcool.
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O meu amigo Citrão, que é músico, encontrou-lhe depressa o ritmo, o swing e num estanto estava a entoar melodias dedicadas à sua musa: a touriga nacional, casta que faz parte do lote deste tinto (19%) a par da aragonês (39%) e da syrah (42%).
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O belo bebeu-se escorreitamente sempre em evolução, sem sobressalto e sem cansaço. No final estava muito melhor do que na entrada. Quando puder volto a prová-lo e ainda com mais calma... ou não fosse um regional alentejano.
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