digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sábado, setembro 27, 2025

Maria Mestra – 10 de Abril de 1928 – 23 de Setembro de 2025

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A minha prima mais velha era sábia. Dizem que os velhos são sábios, mas não é verdade. A idade só ilude quem desconhece e a minha prima mais velha sabia antes de ser velha. Conhecia as árvores, percebia de plantas e intuía a importância da história e das suas coisas.

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O meu pai dizia que a minha prima mais velha era a pessoa mais inteligente que conhecera. Digo o mesmo e não paro um instante para pensar. Desde pequeno que sei que ela percebia antes de «todos» perceberem.

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Não vinham de lá muitos beijinhos e imensos abraços, porque não era assim. E ainda bem, porque não gosto. Contudo, nunca tive dúvida do seu amor. Como um limoeiro, árvore generosa que é mãe todo ano e o seu fruto é doce não o querendo parecer.

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Nem sempre é fácil expressar a razão por que gostamos de alguém. Há lei que obrigue a justificar as emoções? A minha prima mais velha era como uma avó e eu como um neto.


 

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