digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

segunda-feira, fevereiro 05, 2024

Dançar slows

 

.

Bola-de-espelhos no final da noite. Quadradinhos luminosos incansáveis.

.

Os sapatos apegados aos despojos da cerveja dizem ressaca e bebedeira em partes iguais.

.

Vago olhar, triste e confuso, fixando os olhos imparáveis. Perdi a miúda por causa daquele copo mais. Não sei se por ter ido ao balcão ou.

.

Tenho a boca pastosa e não gosto da música que toca aqui.

.

Onde está a miúda? Não bebi esse copo, não foi por isso.

.

Ainda há pouco a sala estava cheia, agora só os sempre-em-pé, os dos gargalos de cerveja e dos copos com mais gelo derretido do que uísque.

.

Estou ao pé, sou um deles, assim perdi a miúda que nunca ganhei, certamente nem me viu.

.

Esta música já era velha quando, há muito tempo, eu era novo. Esta música já era feia quando, há muito tempo, eu tinha borbulhas.

.

Quando eu era novo havia sítios onde se dançava agarrado.

.

Hoje ninguém dança slows, ainda bem.

Sem comentários: