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Sem raiva, sou mais de lágrimas do que de dentadura de muitos caninos.
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Tenho uma infantil esperança, que é longa. Não vejo a escuridão na luz e da cegueira no breu só ouvi.
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A minha dieta é ácida e como de olhos fechados. Se não vejo o azedo é por crer não engolir iguaria estragada. E se é requintadamente avariada.
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Não vejo as travessuras malévolas das traições nem oiço silêncios podres. A mentira é irmã da intriga, não escuto nem enxergo. Desconheço.
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Gostava de ter uma bomba, saber manusear a bomba, querer accionar a bomba, usar a bomba e ouver a bomba rebentar com tudo que me rebenta. E que me vejam vê-los vendo-me mandar a imundice para a indiferença e desremelando-me para jamais.
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O coração-menino não tem ira na zanga, por ingénua fé sente apenas mansidão. Fico frágil e finjo estar bem. Contemplo o sangramento e digo, por coração-menino, não ser nada.
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Menino teimoso, surdo e tolo, continuo a acreditar, porque a esperança é longa, mesmo morrendo vagarosamente todos os dias. Creio por só saber crer.
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Choro, faço-o competentemente e sem mentir. Alguma coisa haveria de saber fabricar.
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